145 - SE...

145  -  SE...

Já dizia o poeta:

"Se choras por teres perdido o sol,

as lágrimas te impedirão de ver as estrelas!"

Analisa bem,

não te aflijas,

o mundo é bom,

as pessoas são boas,

as chuvas... o sol... o vento...

as estrelas... a natureza...

Vê que tudo existe,

para servir-te,

são criados teus.

Levanta-te! É hora,

Abre a janela, 

olha lá fora.

Sentes o vento?

Ele beija as folhagens

que agradecem sorrindo.

Que calor!

Que sufoco!

Que sol quente!

Que ventinho bom!

Que carícia!

Ah, se não fosse o vento...

Mas o sol também é bom,

Ele aquece,

seca ruas alagadas,

vivifica,

faz germinar a semente.

Ele é alegria,

é calor,

é luz,

é praia,

é amor!

Ah, se não fosse o sol...

Mas, ter chuva também é bom.

Gotas de lágrimas,

em forma de bênçãos,

bênçãos do céu.

A chuva cai,

alegra a natureza;

folhinhas sedentas,

a beberem ávidas

as destiladas gotinhas.

um presente de Deus!

Vês a chuva?

Ela molha,

refresca,

sacia a sede.

Ah, se não fosse a chuva...

Deixa a tua casa,

deixa a cidade,

procura os campos,

talvez penses que lá esteja escuro...

É noite,

sem luz?!

Vai lá.

Vê e dirás:

"As estrelas,eu nunca as vi mais belas

e são tantas...

As Três Marias...

O Cruzeiro do Sul...

Olha lá a chave!

A chave de São Pedro.

Oh, quantas estrelas...

E eu... não sabia!

São lindas!"...

Então

deita-te no chão.

Sente a relva a acariciar-te a pele...

(Deixa que ela faça isto)

E olha o céu.

É lindo!...

Cada uma destas estrelas

satisfará a um desejo teu.

Pede!

Não sejas modesto,

Não te esqueças de um sequer.

E dorme

E sonha.

E descansa-te em paz!

Ah, se não fossem as estrelas!...

Oh, acorda-te agora!

Vê a natureza,

a natureza que te diz: Bom dia!

Acorda-te

e olha ao teu redor:

são flores,

pássaros,

águas claras,

a relva macia,

as lindas serras,

borboletas,

insetos mil!

É a mãe-natureza,

que a tudo abriga,
e te assiste também.

Então

analisa bem:

a vida

não é ruim assim.

Não! Não chores!

Ah, perdeste a mãe?

Teu pai te consolará.

Também ele se foi?

Oh, não importa.
Terás amigos certamente,

que estarão de braços abertos,

a esperar-te, num sorriso...

Porém

se também não tens amigos,

se não plantaste amizades...

se no teu caminho

só espalhaste tempestades...

se foste sempre infeliz

no teu triste viver...

Oh, não te aflijas,

ainda há tempo,

olha o vento,

o sol, a chuva, 
as outras estrelas...

as florinhas do campo.
Sente a brisa no teu corpo,

pára debaixo de uma cascata,

e entoa com ela uma canção.

A canção do amor,

com notas divinas.

E secarás as lágrimas,

e sentirás,

que este recado,

em forma de poema,

se traduz apenas

numa simples filosofia:

a filosofia de uma vida simples,
sem rodeios...

sem tecnologias...

sem porquês!

Filosofia da natureza.

Ah, se não fosse a Natureza!....