124 - PENSAMENTO ALADO

124  -  PENSAMENTO ALADO

Nas asas do pensamento

eu vou... eu vou...

Vou galgar montanhas,

saltar rios, saltar mares,

vou à gruta onde mora

o gênio da guerra;

convencê-lo,

trazê-lo pela mão

visitar com ele

os campos de batalha

mostrar-lhe os mortos, os mutilados,

os órfãos e viúvas,

o sangue,

a destrição,

fazer com ele um pacto

e numa magia,

acabar com todas as guerras.

Nas asas do pensamento 

eu vou...

Procuro o gênio das drogas,

do álcool, da perdição.

Passar com ele pelos bares,

pelas ruas da cidade,

pelas casas onde choram

crianças famintas,

e mães desesperadas;

mostrar-lhe a insônia das esposas,

no eterno esperar,

mostrar-lhe os caídos pelas ruas

que nem em casa,

conseguiram chegar;

entrar pelas suas veias,

percorrer-lhe o corpo mal-cheiroso,

mostrar-lhe as células mortas,

doentias outras,

prestes a finar,

delinear-lhe as fronteiras

e que ele nunca permita

que tais limites

sejam adulterados.

E continuo

caminhos vários a percorrer,

vejo lutas e conflitos,

vejo fome, miséria,

e homens comendo homens,

por não ter mais o que comer;

vejo dores e gemidos,

lamúrias e fadigas,

e autodestruição.

Então,

bato asas, vôo longe,

o amor a procurar,

encontro-o na sua paz,

qual pombinha branca,

disposto a ajudar.

Levantamos vôo, céleres,

não podemos mais tardar;

pelos campos e cidades,

num ligeiro caminhar;

percorremos hospitais,

as creches e orfanatos,

penetramos em todos so lares,

passamos em todos os leitos,

e deixamos em cada face,

o beijo da paz,

impregnado de amor,

e vida nova,

num feliz renascer.

E quando todos acordarem,

passada a frustração,

que beleza ! Vida nova,

plena de amor e paz.

É o sopro vivificador

o sopro de Deus,

que pelas asas do meu sonho

veio a todos visitar!