123 - ROTINA DE GERAÇÕES

123  -  ROTINA DE GERAÇÕES

Filhinha,

Eu era assim como tu,

E tua avó também o era;

E tua bisavó que ali vês,

Naquela cama, num eterno cochilar,

Essa senhora, toda feito rugas,

Encarquilhada e velha,

Quase surda,

Indiferente ao passar dos dias,

Alheia a tudo,

Essa boa velhinha,

Também foi como tu,

E como eu,

E como todas as outras pessoas 

Que aqui caminham;

Essa velhinha que ali vês deitada,

Também viveu como tu,

E sonhou lindos sonhos,

Realizados, alguns,

Outros, não;

Essa velhinha,

Também sorriu,

E chorou,

E viveu,

E amou;

Hoje aguarda,

Não mais, ansiosa,

Não mais, temerosa,

Mas, indiferente,

Hoje espera a passagem,

para o outro lado da vida,

E talvez nem isto a faça pensar,

E cogitar,

Em como será a outra etapa;

Parece-me

Que não pensa mais;

Parece-me

Indiferente assim a tudo, 

Que não lhe interessa mais

Relembrar o passado,

Ou viver o presente,

O futuro?!

Como será?...

Filhinha,

Não sei se ela pensa nisto,

Mas tu

Que vicejas agora,

Tu, filha,

Deves pensar,

Pela lógica da vida,

E pela rotina visível

Das gerações que se sucedem,

Deves pensar agora

Não no final de uma vida terrena,

Não numa ponte

Que terás de atravessar,

Mas deves pensar, 

Na eternidade,

Deves pensar

Que existe um Deus,

Que a tudo governa,

Que é Senhor do mundo

E que premiará

Ou castigará.

Então

Deves pensar,

Na facilidade que tens

Em seres premiada,

Amando a Deus

Sobre todas as coisas,

E ao próximo

Como a ti mesma.

E assim fazendo,

E assim vivendo,

Sentirás

Que tudo é mais fácil,

Que a vida é bela

E é gostosa

De se viver!

E verás

Que é tão fácil

Levar este Deus

Para o trabalho,

Para o passeio,

Para o estudo,

Para as horas de lazer

No dia-a-dia,

No eterno caminhar...

Caminhando com Ele

Tudo será mais fácil,

E mais belo!

Pois Ele te foi legado

Pelos que te precederam

E tu o legarás

aos que te sucederão,.

É a rotina das gerações,

Compreendes?!